terça-feira, 4 de outubro de 2016

Exame Ginecológico

Hoje vou falar-vos da minha primeira tentativa de fazer um exame ginecológico.

Antes ainda de começar o tratamento ao vaginismo, antes mesmo de procurar ajuda, numa consulta normal de rotina o meu médico de família achou que eu devia fazer um Papanicolau visto já ter mais de 25 anos.

Pensei logo que ele devia estar louco, nunca iria fazer esse exame. Mas fui para casa a pensar nisso, a pensar que se calhar lá em frente a outras pessoas e quanto mais não fosse por vergonha de me queixar, não ia ter outra solução a não ser aguentar e deixar meterem-me um espéculo, pensei que se fosse fazer o exame ia ultrapassar uma barreira. E lá fui.

Digo-vos que foi o pior episódio da minha vida, para piorar não fui a um ginecologista, fui a uma clínica onde tem técnicos a fazer esses exames, os quais não entendem nada, nem tem nenhum cuidado, enfim. 

Acreditem quando dizem que quem tem vaginismo e não consegue a penetração também não vai conseguir de maneira nenhuma fazer um papanicolau, é verdade. 

Entrei, tirei a roupa da cinta para baixo, deitei-me na maca e lá estava eu em pânico completamente contraída (o que não pode acontecer, é isso que faz com que exista a dor, temos que estar completamente descontraídas) e lá me tentaram introduzir o espéculo.

Esqueçam qual vergonha qual que, naquele momento nem pensei na vergonha comecei logo a implorar que parasse, que não conseguia, eu estava completamente contraída e a pessoa vendo isso em vez de parar e tentar ajudar-me a relaxar não, tentava na mesma à força toda introduzir o espéculo. Até que foi obrigada a parar, porque eu não parava de me queixar e comecei a fechar as pernas e a "fugir com o rabo" (sintomas de quem tem vaginismo) lá me tentou acalmar e mais uma segunda tentativa cheia de vontade. Esqueçam não houve uma terceira tentativa, antes disso levantei-me da maca e disse para esquecer que não ia fazer o exame e saí pela porta fora com as lágrimas nos olhos, foi muito mau e uma grande vergonha, nunca mais lá voltei. 

Foi mesmo um desastre e ainda fez com que eu ficasse com mais medo de introduzir o que quer que fosse na minha vagina, só piorou a situação.

O meu médico de família nunca soube nem sabe de nada sobre o meu vaginismo, nunca me senti muito à vontade com ele, então nunca lhe falei sobre isso. 
 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mais sessões de fisioterapia :)

Tinha sessões de fisioterapia mais ou menos de 15 em 15 dias.

Já se vinha a tornar uma rotina, mas confesso que ia para 4ª sessão com mais medo ainda, só pensava que ia ser desta que íamos começar com a introdução do dedo. Muito medo.


4ª Sessão de Fisioterapia

E depois de mais um pouco de conversa lá vamos nós começar, ora bem, hoje vamos fazer tudo que temos feito até aqui mais a introdução da pontinha do dedo.

Voltou o pânico, suspirava de medo, comecei logo a contrair os músculos. É impressionante como o nosso cérebro comanda todo o nosso corpo, mal se falou em introduzir "ele" mandou logo um recado e os músculos lá começaram logo a contrair com toda a força com medo da dor.

A fisio muito paciente e amável lá me foi acalmando e voltando a dizer que só fazíamos o que eu quisesse e que tudo seria feito sem dor, que tinha de esquecer os meus pensamentos de dor e focar no que estava a sentir e ir contraindo e descontraindo.

Pois bem, lá fui tentando esquecer o meu pensamento de dor e ela lá me foi envolvendo na conversa até que...upss...já lá está a pontinha do dedo, é verdade, sem dor, com um pouco de  desconforto, mas sem dor.


Foi muito importante este passo, nunca pensei que fosse mesmo conseguir que algo entrasse na minha vagina. ;)

Os trabalhos de casa eram para continuar, fazer o mesmo que  vinha a fazer, insistindo mais no toque na entrada da vagina.

5ª Sessão de fisioterapia

Nesta sessão voltamos a fazer tudo, continuava com muitos suspiros, mas a verdade é que eram mais progressos, a fisio lá conseguiu inserir mais um bocadinho o dedo. 
Deixou o dedo lá por algum tempo e eu ia apertando (contrair) e largando o dedo (descontrair).
O pior era o movimento de entrada do dedo, aliás o grande problema está nessa entrada, é onde os músculos fazem mais força, o dedo estando lá dentro era muito mais pacifico. ;)
 E acaba mais uma sessão, e os trabalhos de casa para continuar.

 6ª Sessão de fisioterapia 
 
Confesso que cheguei a esta sessão um pouco desanimada, achei que como tinha corrido tão bem a ultima sessão, que eu em casa já iria conseguir mais qualquer coisa para além de tocar.
Mas não, nada...nem conseguia forçar um bocadinho a entrada, o medo era mais forte que eu (por isso é que tenho mesmo a certeza que sem a minha fisio não teria conseguido).

Ela lá me esteve a tentar animar e a explicar que o progresso em casa seria muito mais lento, pois tinha de ser eu a enfrentar os meus medos, lá fazemos o trabalho em conjunto tornando-se muito mais fácil. Ainda ouvi um "raspanete"...eheh... que nem sequer devia ter tentado inserir a ponta do dedo, pois ainda não tinha dado esse trabalho de casa ;) . Que tinha de ter calma e pensar nos progressos que já tinha tido mesmo em casa sozinha, pois eu mal conseguia olhar ao espelho, muito menos tocar na entrada da vagina, e agora isso já não me custava nada.

E depois de todas as lamentações lá começamos os exercícios, e mais progressos, lá está o dedo todo dentro de mim...yupiii
 
A serio, antes de entrar para a consulta era invadida por um sentimento de medo e desanimo, depois de cada consulta vinha mesmo animada, fazia-me mesmo bem, dava-me mesmo força para continuar.

A minha Fisio é mesmo TOP...

Algumas dúvidas...

Eram muitas as dúvidas...

Sinto-me um pouco envergonhada em falar sobre isto,  pois bem, eu tinha ideia que na nossa vagina tínhamos um "buraco" , ou seja, eu achava que tinha que abrir a vagina e ver um vazio, uma abertura...Mas não, isso não é possível, acreditem, não existe mesmo, o problema não é nosso.

A fisio explicou-me tudo direitinho, o problema é que nos livros, nas imagens aparece sempre um "buraco" no lugar da vagina...eheh...como se abríssemos as pernas e lá se abria o "buraco"... não sei se sou capaz de explicar, vou tentar :)

Assim de uma forma muito resumida...abrindo a vagina vemos as suas paredes coladas, é músculo a toda a volta, não vemos nenhum buraco, e esse musculo é que ao descontrair vai deixar a penetração acontecer, é elástico, vai se moldando.

O importante é descontrair, o que para nós que temos vaginismo é muito complicado. Temos aprender a contrair e descontrair, insistir muito nisso.

Algumas pessoas fazem este exercício de contrair e descontrair quando estão a urinar, mas não se deve, podem ganhar uma infecção urinária.

Isto pode parecer um bocado estranho, que foi o que eu achei na altura, mas uma das técnicas da minha fisio era imaginarmos que tínhamos uma ervilha na entrada da vagina e apanhar (contrair) largar (descontrair). Isso era um dos trabalhos de casa obrigatórios, pelo menos 3 vezes ao dia, desde da ultima sessão tinha que me lembrar sempre de contrair e descontrair. O que também vos digo que ao inicio nem conseguem sentir, mas com o tempo sim, vão sentir mesmo o que é contrair e descontrair.


3ª Sessões de Fisioterapia


Em todas as sessões começávamos por falar um pouco dos trabalhos de casa, das dúvidas e nesta sessão também falamos na importância de conseguirmos contrair e descontrair os músculos do  pavimento pélvico (são um grupo de músculos dentro da pélvis que formam o seu pavimento, Os músculos envolvem a uretra (passagem da bexiga), a vagina e o ânus-recto (passagem posterior) e devem, juntamente com os músculos do esfíncter, manter o controlo destas aberturas, impedindo a perda de urina ou fezes). Este exercício é muito importante não só para problemas como o nosso mas também para outros, como quem sofre de incontinência, por exemplo.
E depois de mais uma "aula" teórica lá vamos nós passar à pratica, voltamos à palpação externa, tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina e agora ir contraindo e descontraindo
E lá foi mais uma sessão, ainda sem qualquer tentativa de inserir o que quer que fosse, tudo com muita calma e sem dor.  
E mais trabalhos para casa todos aqueles que já tinha, mas agora acrescentando o contrair e descontrair, que era importante ser feito muitas vezes.

O que me levou a procurar ajuda?

Foi o passo mais difícil de tomar.

Acho que para mim o sexo nunca foi muito importante, ou melhor, a minha mentalidade não permitia que eu achasse o sexo importante na vida de um casal.

Sim eu e o JP embora não conseguíssemos a penetração sempre nos conseguimos envolver num bom "jogo erótico" (expressão usada pela fisio e pela psico), tínhamos prazer, sempre foi bom, mas um pouco "limitado".

Claro que neste ponto do tratamento vos digo que o nosso jogo erótico era muito fraquinho, evoluiu a 100%, permito-me coisas que antes não, mas pode sempre ainda melhorar mais ;)... já vou eu procurá-lo e antes isso nunca acontecia, ou era ele, ou não acontecia nada.

Inicialmente achava que tinha de fazer o tratamento mais por ele, para que ele tivesse mais prazer, IDEIA ERRADA, a penetração não vai fazer com que tenhamos mais prazer.

Como disse a minha Psico na primeira consulta "esqueçam a ideia de que a penetração é que vai ser um ponto alto do prazer, a penetração é mais uma das formas de ter prazer, não a única e essencial para que isso aconteça, muitas vezes as maiores sensações de prazer não são com penetração." 

Não tinha mesmo essa ideia.

Como ela me disse eu tenho que pensar que com o tratamento só vou arranjar mais uma forma de ter prazer, e resolver uma limitação que tenho neste momento e que no futuro também fará com que não tenha qualquer problema em tentar engravidar de forma normal (o que para mim também era uma preocupação).



1ª Sessão com a Psicóloga (Sexóloga)

Depois de já ter tido duas sessões de fisioterapia, chegou o dia da minha sessão com a psicóloga (sexóloga), aquele dia que para mim tinha tempo de chegar... ;)

Mas lá chegou, pois bem, o JP foi comigo, estava cheia de medo, não sabia muito bem o que me esperava e tinha tanta vergonha.

A minha ideia nunca foi o JP entrar comigo, era só ir comigo até à porta, mas a verdade é que a psico disse para ele entrar, fiz cara de quem não achou muita graça à ideia, e ela de tão boa psicóloga que é apercebeu-se logo disso e perguntou se era melhor termos uma conversa as duas antes de ele entrar, isto se eu quisesse que ele viesse a entrar. Eu disse que sim, o JP sempre esteve e está a par de tudo, mas acho que tinha de haver ali um primeiro momento só as duas, e assim foi.

Tivemos 30minutos só as duas, falamos sobre a minha família, sobre mim, quem me havia diagnosticado vaginismo, quais os meus medos, falamos também das duas sessões que já tinha tido com a fisio. 

Sou super envergonhada e a verdade é que comecei a falar e nunca mais me calei, entretanto chegou o JP e lá entrou, e foram mais 30 minutos de conversa mas agora sobre os dois e a nossa relação.

Foi muito boa e produtiva a consulta, nunca pensei, chegamos à conclusão que o sexo na minha vida e no meio envolvente sempre tinha sido um assunto "tabu" , andei num colégio de Irmãs (freiras), onde tudo era pecado e onde havia regras para tudo, sempre fui uma menina muito certinha, envergonhada, incapaz de fazer qualquer coisa fora das regras, e sim isso também traz consequências para a vida sexual. 

Mas no meio de tudo isto chegamos à conclusão que o meu maior problema era a o MEDO DA DOR e a ANSIEDADE, mesmo nunca tendo tido dor. A verdade é que já mais velha ouvindo muitas amigas que já tinham tido relações e devido a me terem sempre metido alguma medo em relação ao sexo, que doía, que ao outro dia não ia conseguir andar, etc.. o que acontecia é que antes de qualquer tentativa de penetração eu antecipava a dor, contraia os músculos, forçava para fechar as pernas e cortava qualquer tentativa.

Vim para casa mais leve, com a certeza absoluta que tinha encontrado as pessoas certas para me ajudarem nesta luta. :)

Trabalhos de casa - 2ª Sessão de Fisio

E os trabalhos de casa sempre presentes...

Continuar a visualizar o meu sistema genital ao espelho, identificar todas as partes e tocar, insistir no toque para tirar a ideia de desconforto e de nojo (que eu tinha). 



Confesso que odiava os trabalhos de casa, podia ter sido mais disciplinada, é essencial para o tratamento, embora possam pensar que não, eu também achava, mas depois de passar para outras etapas não tenho dúvidas de como foi importante.

Quem tiver nesta luta sozinha, sem ajuda de um profissional que faça sempre este exercício com um espelho de frente, identifiquem todas as parte e toquem em todas elas, podem fazer os exercícios no bidé, facilita muito, essa posição obriga-nos a estar mais descontraídas e não vamos ter logo aquela tendência que todas temos de fechar as pernas... :)


2ª Sessão de Fisioterapia

Lá fui eu para a 2ª Sessão de Fisioterapia, mais uma vez cheia de medo. Só me passava pela cabeça que a Fisio já iria tentar inserir alguma coisa na minha vagina, pânico, não tinha vontade nenhuma de ir, era tão mais fácil não aparecer lá mais, mas não, ganhei coragem e lá fui.

Começamos por falar de como tinham corrido os trabalhos de casa, quais as minhas dúvidas, o que mais me custou, se foi muito difícil visualizar ao espelho,etc. Tivemos algum tempo de conversa muito produtivo para entender melhor o meu sistema genital.

De seguida veio a pior parte, pois, tínhamos de ir "trabalhar", ou seja tirar a roupinha e deitar na maca para começar com os exercícios.

PÂNICO!!!

Ela lá me foi acalmando e dizendo sempre que só faríamos o que eu quisesse. E assim foi, apesar de toda aquela situação embaraçosa acabou por não ser assim tão mau.

Voltou a fazer palpação externa (o qual eu não tinha problema, pois não sentia qualquer dor na zona externa), visualização com o espelho para que eu metesse na cabeça que era mesmo muito importante conhecer o meu corpo e foi identificando cada parte para que não houvessem duvidas, por fim foi colocando o dedo na entrada da vagina sem introduzir.

Melhor parte da sessão - "Acabaram os exercícios por hoje" - diz a Fisio. Era vestir a correr para sair daquela situação. ;)

Em nenhum momento houve algum tipo de dor e isso é muito importante quando estamos a tentar superar o vaginismo, qualquer tipo de dor vai fazer com que os músculos contraiam ainda mais, e não é mesmo isso que queremos. ;)

Acabou a sessão, mais trabalhos para casa...

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Trabalhos de casa


Como referi no post anterior, os trabalhos de casa são um ponto essencial no tratamento.

O primeiro trabalho de casa era visualizar o meu sistema reprodutor ao espelho e identificar as diferentes partes, saber quais os pequenos lábios, os grandes lábios, o clitóris, a uretra...
Tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina, sempre com o espelho à frente para visualizar tudo, é essencial conhecermos bem o nosso corpo. 

Para vos dizer a verdade já tinha dúvidas em identificar o meu corpo, foi bom rever tudo isso. Mas para ser sincera não achei muita piada a ter que vir para casa olhar ao espelho e tocar. Lembro-me que a minha resposta a isso foi "a sério? vou ter mesmo que fazer isso? que nojo", a fisio teve como resposta "que nojo porque? é uma parte do corpo como outra qualquer, se olhamos e tocamos em quase todo o corpo porque não visualizar e tocar em todas as partes, o que há de anormal nisso?", tinha lógica, mas para mim isto era um drama.

Lá comecei com os trabalhos de casa, inicialmente praticamente só visualizava, custava-me tocar (não por dor, mas sim psicologicamente), mas lá continuei dia sim, dia não. Para ser sincera não percebia em que é que aquilo me ia ajudar, 

Mas acreditem que ajuda mesmo, é muito importante ultrapassarmos esta etapa para seguirmos em frente.

E assim foi até à sessão seguinte. :)

terça-feira, 14 de junho de 2016

1ª Sessão de Fisioterapia

Lá fui eu em pânico para a minha primeira sessão de fisioterapia, só me passava pela cabeça se já ia ter que "tirar roupa" na primeira sessão, se já me ia tentar inserir algo, era um turbilhão dentro da minha cabeça, só me apetecia fugir. Mas não, ganhei coragem e fui até ao fim, termia por todos os lados mas lá fui.

A fisio começou por me perguntar quem me tinha diagnosticado vaginismo, porque achava que tinha vaginismo, que episódios achava que poderiam ter acontecido na minha vida que pudessem ter contribuído para o vaginismo. Chegamos à conclusão que a minha maior dificuldade é o medo, eu não permito a penetração por medo da dor.

Explicou-me que ia ser um tratamento lento, passo a passo, que íamos fazer palpação externa, visualizar o meu corpo, só depois então começaríamos por inserir um dedo.

A serio??? inserir um dedo??? não...era mesmo impensável para mim. Disse-lhe logo que não iria conseguir. Ela só me disse para não me preocupar com isso e pensar passo a passo.

Depois de uma boa conversa perguntou se me podia então começar por fazer apalpação externa, pronto gerou-se o pânico, fiquei um pouco renitente. A fisio disse-me que seria bom mas que só fazíamos se eu quisesse. E pronto respirei fundo e lá disse que sim, vamos a isso.
Toda aquela situação foi muito desconfortável, mas foi um passo muito importante, foi o primeiro passo. Fez-me então apalpação externa e disse-me que já tínhamos progressos que já era muito bom ela estar a conseguir fazer apalpação externa, pois há muitas meninas que nem o toque externo permitem.

Chegou então ao fim a primeira consulta, lembro-me que me vesti a correr cheia de vergonha. 

A fisio começou logo por me mandar trabalho para casa, sim a partir de agora vou ter sempre trabalho para casa, faz parte do tratamento. O trabalho de casa vai ser visualizar o meu sistema reprodutor ao espelho e identificar as diferentes partes, saber quais os pequenos lábios, os grandes lábios, o clitóris, a uretra e tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina, sempre com o espelho à frente para visualizar tudo, ela diz que é essencial conhecermos bem o nosso corpo. 

Apesar de todo o medo vim para casa motivada e entusiasmada. :)

Vaginismo - Tratamento

Foi uma decisão muito difícil, digo-vos que desde aquele dia que descobri o vaginismo até ao dia em que tomei a decisão de procurar ajuda passaram alguns anos. Fiquei em pânico, isto não poderia estar acontecer comigo, logo a mim que detesto médicos que tenho vergonha de tudo, não podia ser, e lá acabei por fechar os olhos e apagar tudo isto da minha memória, na esperança de que o problema se resolvesse sozinho.  É das coisas que mais lamento, acreditem, não adiem o problema, não arranjem desculpas, resolvam logo, é tudo tão mais simples do que aquilo que pensamos.

Mas finalmente chegou o dia em que tomei a decisão e fui em frente, cheia de medo, mas continuei...

Depois de algumas pesquisas e de ler alguns blogues, cheguei a conclusão de que o tratamento passaria por uma Psicóloga (Terapeuta Sexual)  e uma Fisioterapeuta em Saúde da Mulher e Pavimento Pélvico, ou seja, passa por um tratamento em conjunto, uma trabalha a parte psicológica e a outra a parte física, as duas complementam-se. 

1ª Etapa - Comecei então por procurar clínicas que tratassem o vaginismo, psicólogos, fisioterapeutas, mandei e-mail para vários a pedir informações, (e-mail porque sim, tinha vergonha de ligar) para saber se tratavam a parte psicológica e a parte física. Posso dizer que foi muito difícil, fisioterapeutas não encontrava e a maior parte das clínicas e psicólogos só tratavam a parte psicológica e nalguns casos davam alguns exercícios para fazer em casa, mas não era isso que eu queria, porque em casa sem ajuda de um fisioterapeuta eu sabia que não ia conseguir. Por uma feliz coincidência, ou melhor, por engano mandei um e-mail para uma psicóloga que sim era terapeuta sexual mas que na sua página não falava do vaginismo e para esses eu nem pedia informações pois não abordavam o assunto, mas lá enviei por engano, e a verdade é que foi a resposta mais curta e simples que tive e era mesmo o que eu queria ouvir depois de tanta procura. A resposta foi mais ou menos esta "sim, fazemos um tratamento em conjunto com uma psicóloga e uma fisioterapeuta", acabei com todas as procuras naquele momento era mesmo o que eu procurava. Sou uma pessoa com poucas certezas, mas naquele momento tive mesmo a certeza que eram as pessoas certas.

2ª Etapa - Pronto, agora era a parte em que tinha mesmo que me consciencializar que tinha que ligar a marcar consulta, estava naquele impasse "ligo ou não ligo" até que ganhei coragem e lá marquei consulta. 
Só tinha vagas para o mês a seguir, o que não me deixou nada triste pois ia ter mais tempo para me mentalizar, mas em conversa telefónica com a psicóloga ela passou-me logo o número de uma fisioterapeuta dizendo que seria bom eu ligar-lhe e marcar já uma consulta com ela. Fiquei em pânico, só pensava que seria melhor primeiro ter a consulta com a psicóloga, mas pronto lá ganhei mais uma vez coragem e liguei a fisioterapeuta, e marquei consulta. 

Não podia ter encontrado pessoas melhores, tanto a psico como a fisio são pessoas excelentes que me tem ajudado imenso. 



Causas do Vaginismo...




*Às vezes, não há nenhuma causa identificável (física ou não física).

Qual o meu tipo de vaginismo?




O meu caso é mesmo de penetração impossível (vaginismo primário). Tal como podem ver na imagem todas as minhas tentativas de penetração eram assim, era como se o pénis batesse mesmo contra uma parede, onde não havia nenhum tipo de abertura.

Lembro-me de várias vezes nas tentativas de penetração o JP me perguntar se estava no sítio certo. Pois bem meninas, digo-vos que já estava num ponto em que não sabia onde era realmente o sítio certo, a sensação que eu tinha era que não havia entrada nenhuma.


Hoje sei que tenho sim uma entrada, todas temos. Acreditem é tudo um obstáculo da nossa mente. :)

sábado, 11 de junho de 2016

Como tudo começou...

Pois bem, posso vos dizer que não me foi diagnosticado vaginismo por ninguém, eu praticamente me auto-diagnostiquei.

Depois de algum tempo de namoro eu e o JP resolvemos ir de férias, foi nessas férias que tudo aconteceu ou deveria ter acontecido. Foi a nossa primeira tentativa mais aprofundada de ter relações sexuais, foi uma "catástrofe", foram várias as tentativas de penetração e nada. Achava que não estávamos a conseguir por sermos os dois inexperientes, por nervosismo ou por medo, afinal era a nossa primeira vez.

O que é certo é que nada conseguimos, passaram mais alguns meses, fizemos mais algumas tentativas e nada. Até que aos poucos fomos excluindo da nossa relação a tentativa de penetração, no fundo achava que com o tempo ia acontecer naturalmente. Coisa que nunca veio acontecer, e foi assim que comecei uma longa pesquisa na Internet, na esperança de descobrir se havia alguma forma de conseguir a penetração. Qual o meu espanto quando me deparo com a palavra "vaginismo", talvez seja um pouco ignorância da minha parte, mas para mim isso era algo totalmente desconhecido e imaginário. Nunca concebi que existiriam pessoas que não conseguiriam a penetração na relação sexual, sempre achei que era algo natural que toda a gente fosse capaz.

Foram vários os blogs e os comentários que li sobre vaginismo, foi então que tive noção de que o meu problema seria esse, identificava-me com muitas das historias que li.

Lembro-me que pensei como era possível existir tanta gente com este problema, afinal não era a única!!!

Vaginismo primário ou secundário?

vaginismo primário está relacionado com as primeiras tentativas de relações sexuais. Normalmente, o vaginismo primário é descoberto quando uma mulher tenta fazer sexo pela primeira vez. O homem não consegue alcançar a penetração e é como se ele estivesse a bater contra uma ‘parede’ onde deveria haver a abertura da vagina. A entrada é impossível ou extremamente difícil. Algumas mulheres com vaginismo primário também apresentam problemas com a inserção de absorventes internos ou exames ginecológicos.

vaginismo secundário refere-se à experiência de dor ou dificuldades com a penetração num momento mais tarde na vida, depois de anteriormente ser capaz de ter relação sexual normal e sem dor. Geralmente segue-se a ou é desencadeado por dor pélvica temporária ou outros problemas relacionados. Pode ser desencadeado por doenças, eventos traumáticos, problemas de relacionamento, cirurgia, mudanças de vida (por exemplo, menopausa), ou sem motivo aparente. O vaginismo secundário é a causa mais comum de dor sexual frequente ou dificuldade com a penetração, quando não havia nenhum problema anteriormente. O vaginismo secundário afecta mulheres que têm dor pélvica temporária causada por problemas como infecções urinárias ou fúngicas, dor pelo parto natural, menopausa ou cirurgia.

O que é o Vaginismo?

A palavra "Vaginismo" é pouco divulgada, é uma dificuldade pela qual muitas mulheres passam em alguma altura da sua vida e que afecta gravemente a vida conjugal e a auto-estima da mulher. 

vaginismo resulta da contracção involuntária do músculo pélvico que se situa ao redor da vagina. Estas contracções involuntárias provocam dor e ardor na zona vaginal durante a penetração fazendo com que esta se torne difícil ou até mesmo impossível e insuportável. Existem várias razões para que o músculo pélvico comece a desenvolver esta reacção à penetração. No entanto, nenhuma delas pode ser controlada conscientemente pela mulher.

O vaginismo pode se apresentar tanto em mulheres jovens quanto nas mais maduras, naquelas sem nenhuma experiência sexual e naquelas com anos de experiência. Nem todas as mulheres têm vaginismo da mesma forma, e o grau desta condição varia:
  • Algumas não conseguem inserir nenhuma coisa na vagina.
  • Algumas conseguem inserir um absorvente interno e submeter-se a um exame ginecológico, mas não conseguem inserir um pénis.
  • Outras conseguem inserir um pénis parcialmente, embora o processo seja muito doloroso.
  • Algumas conseguem inserir totalmente o pénis, mas a contracção e o desconforto interrompem a progressão normal da excitação sexual até o orgasmo, provocando dor.
  • Algumas mulheres conseguem tolerar anos de relação sexual desconfortável com a dor aumentando gradualmente e o desconforto eventualmente interrompe a experiência sexual.
  • As mulheres também podem ter anos de dificuldade intermitente em permitir a entrada ou a movimentação do pénis e precisam estar constantemente “em guarda” para controlar e relaxar a área pélvica quando ela subitamente começa a se contrair.