quinta-feira, 16 de junho de 2016

Trabalhos de casa


Como referi no post anterior, os trabalhos de casa são um ponto essencial no tratamento.

O primeiro trabalho de casa era visualizar o meu sistema reprodutor ao espelho e identificar as diferentes partes, saber quais os pequenos lábios, os grandes lábios, o clitóris, a uretra...
Tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina, sempre com o espelho à frente para visualizar tudo, é essencial conhecermos bem o nosso corpo. 

Para vos dizer a verdade já tinha dúvidas em identificar o meu corpo, foi bom rever tudo isso. Mas para ser sincera não achei muita piada a ter que vir para casa olhar ao espelho e tocar. Lembro-me que a minha resposta a isso foi "a sério? vou ter mesmo que fazer isso? que nojo", a fisio teve como resposta "que nojo porque? é uma parte do corpo como outra qualquer, se olhamos e tocamos em quase todo o corpo porque não visualizar e tocar em todas as partes, o que há de anormal nisso?", tinha lógica, mas para mim isto era um drama.

Lá comecei com os trabalhos de casa, inicialmente praticamente só visualizava, custava-me tocar (não por dor, mas sim psicologicamente), mas lá continuei dia sim, dia não. Para ser sincera não percebia em que é que aquilo me ia ajudar, 

Mas acreditem que ajuda mesmo, é muito importante ultrapassarmos esta etapa para seguirmos em frente.

E assim foi até à sessão seguinte. :)

terça-feira, 14 de junho de 2016

1ª Sessão de Fisioterapia

Lá fui eu em pânico para a minha primeira sessão de fisioterapia, só me passava pela cabeça se já ia ter que "tirar roupa" na primeira sessão, se já me ia tentar inserir algo, era um turbilhão dentro da minha cabeça, só me apetecia fugir. Mas não, ganhei coragem e fui até ao fim, termia por todos os lados mas lá fui.

A fisio começou por me perguntar quem me tinha diagnosticado vaginismo, porque achava que tinha vaginismo, que episódios achava que poderiam ter acontecido na minha vida que pudessem ter contribuído para o vaginismo. Chegamos à conclusão que a minha maior dificuldade é o medo, eu não permito a penetração por medo da dor.

Explicou-me que ia ser um tratamento lento, passo a passo, que íamos fazer palpação externa, visualizar o meu corpo, só depois então começaríamos por inserir um dedo.

A serio??? inserir um dedo??? não...era mesmo impensável para mim. Disse-lhe logo que não iria conseguir. Ela só me disse para não me preocupar com isso e pensar passo a passo.

Depois de uma boa conversa perguntou se me podia então começar por fazer apalpação externa, pronto gerou-se o pânico, fiquei um pouco renitente. A fisio disse-me que seria bom mas que só fazíamos se eu quisesse. E pronto respirei fundo e lá disse que sim, vamos a isso.
Toda aquela situação foi muito desconfortável, mas foi um passo muito importante, foi o primeiro passo. Fez-me então apalpação externa e disse-me que já tínhamos progressos que já era muito bom ela estar a conseguir fazer apalpação externa, pois há muitas meninas que nem o toque externo permitem.

Chegou então ao fim a primeira consulta, lembro-me que me vesti a correr cheia de vergonha. 

A fisio começou logo por me mandar trabalho para casa, sim a partir de agora vou ter sempre trabalho para casa, faz parte do tratamento. O trabalho de casa vai ser visualizar o meu sistema reprodutor ao espelho e identificar as diferentes partes, saber quais os pequenos lábios, os grandes lábios, o clitóris, a uretra e tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina, sempre com o espelho à frente para visualizar tudo, ela diz que é essencial conhecermos bem o nosso corpo. 

Apesar de todo o medo vim para casa motivada e entusiasmada. :)

Vaginismo - Tratamento

Foi uma decisão muito difícil, digo-vos que desde aquele dia que descobri o vaginismo até ao dia em que tomei a decisão de procurar ajuda passaram alguns anos. Fiquei em pânico, isto não poderia estar acontecer comigo, logo a mim que detesto médicos que tenho vergonha de tudo, não podia ser, e lá acabei por fechar os olhos e apagar tudo isto da minha memória, na esperança de que o problema se resolvesse sozinho.  É das coisas que mais lamento, acreditem, não adiem o problema, não arranjem desculpas, resolvam logo, é tudo tão mais simples do que aquilo que pensamos.

Mas finalmente chegou o dia em que tomei a decisão e fui em frente, cheia de medo, mas continuei...

Depois de algumas pesquisas e de ler alguns blogues, cheguei a conclusão de que o tratamento passaria por uma Psicóloga (Terapeuta Sexual)  e uma Fisioterapeuta em Saúde da Mulher e Pavimento Pélvico, ou seja, passa por um tratamento em conjunto, uma trabalha a parte psicológica e a outra a parte física, as duas complementam-se. 

1ª Etapa - Comecei então por procurar clínicas que tratassem o vaginismo, psicólogos, fisioterapeutas, mandei e-mail para vários a pedir informações, (e-mail porque sim, tinha vergonha de ligar) para saber se tratavam a parte psicológica e a parte física. Posso dizer que foi muito difícil, fisioterapeutas não encontrava e a maior parte das clínicas e psicólogos só tratavam a parte psicológica e nalguns casos davam alguns exercícios para fazer em casa, mas não era isso que eu queria, porque em casa sem ajuda de um fisioterapeuta eu sabia que não ia conseguir. Por uma feliz coincidência, ou melhor, por engano mandei um e-mail para uma psicóloga que sim era terapeuta sexual mas que na sua página não falava do vaginismo e para esses eu nem pedia informações pois não abordavam o assunto, mas lá enviei por engano, e a verdade é que foi a resposta mais curta e simples que tive e era mesmo o que eu queria ouvir depois de tanta procura. A resposta foi mais ou menos esta "sim, fazemos um tratamento em conjunto com uma psicóloga e uma fisioterapeuta", acabei com todas as procuras naquele momento era mesmo o que eu procurava. Sou uma pessoa com poucas certezas, mas naquele momento tive mesmo a certeza que eram as pessoas certas.

2ª Etapa - Pronto, agora era a parte em que tinha mesmo que me consciencializar que tinha que ligar a marcar consulta, estava naquele impasse "ligo ou não ligo" até que ganhei coragem e lá marquei consulta. 
Só tinha vagas para o mês a seguir, o que não me deixou nada triste pois ia ter mais tempo para me mentalizar, mas em conversa telefónica com a psicóloga ela passou-me logo o número de uma fisioterapeuta dizendo que seria bom eu ligar-lhe e marcar já uma consulta com ela. Fiquei em pânico, só pensava que seria melhor primeiro ter a consulta com a psicóloga, mas pronto lá ganhei mais uma vez coragem e liguei a fisioterapeuta, e marquei consulta. 

Não podia ter encontrado pessoas melhores, tanto a psico como a fisio são pessoas excelentes que me tem ajudado imenso. 



Causas do Vaginismo...




*Às vezes, não há nenhuma causa identificável (física ou não física).

Qual o meu tipo de vaginismo?




O meu caso é mesmo de penetração impossível (vaginismo primário). Tal como podem ver na imagem todas as minhas tentativas de penetração eram assim, era como se o pénis batesse mesmo contra uma parede, onde não havia nenhum tipo de abertura.

Lembro-me de várias vezes nas tentativas de penetração o JP me perguntar se estava no sítio certo. Pois bem meninas, digo-vos que já estava num ponto em que não sabia onde era realmente o sítio certo, a sensação que eu tinha era que não havia entrada nenhuma.


Hoje sei que tenho sim uma entrada, todas temos. Acreditem é tudo um obstáculo da nossa mente. :)

sábado, 11 de junho de 2016

Como tudo começou...

Pois bem, posso vos dizer que não me foi diagnosticado vaginismo por ninguém, eu praticamente me auto-diagnostiquei.

Depois de algum tempo de namoro eu e o JP resolvemos ir de férias, foi nessas férias que tudo aconteceu ou deveria ter acontecido. Foi a nossa primeira tentativa mais aprofundada de ter relações sexuais, foi uma "catástrofe", foram várias as tentativas de penetração e nada. Achava que não estávamos a conseguir por sermos os dois inexperientes, por nervosismo ou por medo, afinal era a nossa primeira vez.

O que é certo é que nada conseguimos, passaram mais alguns meses, fizemos mais algumas tentativas e nada. Até que aos poucos fomos excluindo da nossa relação a tentativa de penetração, no fundo achava que com o tempo ia acontecer naturalmente. Coisa que nunca veio acontecer, e foi assim que comecei uma longa pesquisa na Internet, na esperança de descobrir se havia alguma forma de conseguir a penetração. Qual o meu espanto quando me deparo com a palavra "vaginismo", talvez seja um pouco ignorância da minha parte, mas para mim isso era algo totalmente desconhecido e imaginário. Nunca concebi que existiriam pessoas que não conseguiriam a penetração na relação sexual, sempre achei que era algo natural que toda a gente fosse capaz.

Foram vários os blogs e os comentários que li sobre vaginismo, foi então que tive noção de que o meu problema seria esse, identificava-me com muitas das historias que li.

Lembro-me que pensei como era possível existir tanta gente com este problema, afinal não era a única!!!

Vaginismo primário ou secundário?

vaginismo primário está relacionado com as primeiras tentativas de relações sexuais. Normalmente, o vaginismo primário é descoberto quando uma mulher tenta fazer sexo pela primeira vez. O homem não consegue alcançar a penetração e é como se ele estivesse a bater contra uma ‘parede’ onde deveria haver a abertura da vagina. A entrada é impossível ou extremamente difícil. Algumas mulheres com vaginismo primário também apresentam problemas com a inserção de absorventes internos ou exames ginecológicos.

vaginismo secundário refere-se à experiência de dor ou dificuldades com a penetração num momento mais tarde na vida, depois de anteriormente ser capaz de ter relação sexual normal e sem dor. Geralmente segue-se a ou é desencadeado por dor pélvica temporária ou outros problemas relacionados. Pode ser desencadeado por doenças, eventos traumáticos, problemas de relacionamento, cirurgia, mudanças de vida (por exemplo, menopausa), ou sem motivo aparente. O vaginismo secundário é a causa mais comum de dor sexual frequente ou dificuldade com a penetração, quando não havia nenhum problema anteriormente. O vaginismo secundário afecta mulheres que têm dor pélvica temporária causada por problemas como infecções urinárias ou fúngicas, dor pelo parto natural, menopausa ou cirurgia.

O que é o Vaginismo?

A palavra "Vaginismo" é pouco divulgada, é uma dificuldade pela qual muitas mulheres passam em alguma altura da sua vida e que afecta gravemente a vida conjugal e a auto-estima da mulher. 

vaginismo resulta da contracção involuntária do músculo pélvico que se situa ao redor da vagina. Estas contracções involuntárias provocam dor e ardor na zona vaginal durante a penetração fazendo com que esta se torne difícil ou até mesmo impossível e insuportável. Existem várias razões para que o músculo pélvico comece a desenvolver esta reacção à penetração. No entanto, nenhuma delas pode ser controlada conscientemente pela mulher.

O vaginismo pode se apresentar tanto em mulheres jovens quanto nas mais maduras, naquelas sem nenhuma experiência sexual e naquelas com anos de experiência. Nem todas as mulheres têm vaginismo da mesma forma, e o grau desta condição varia:
  • Algumas não conseguem inserir nenhuma coisa na vagina.
  • Algumas conseguem inserir um absorvente interno e submeter-se a um exame ginecológico, mas não conseguem inserir um pénis.
  • Outras conseguem inserir um pénis parcialmente, embora o processo seja muito doloroso.
  • Algumas conseguem inserir totalmente o pénis, mas a contracção e o desconforto interrompem a progressão normal da excitação sexual até o orgasmo, provocando dor.
  • Algumas mulheres conseguem tolerar anos de relação sexual desconfortável com a dor aumentando gradualmente e o desconforto eventualmente interrompe a experiência sexual.
  • As mulheres também podem ter anos de dificuldade intermitente em permitir a entrada ou a movimentação do pénis e precisam estar constantemente “em guarda” para controlar e relaxar a área pélvica quando ela subitamente começa a se contrair.