domingo, 30 de julho de 2017

Tratar o Vaginismo em casa...

Eu acredito que nunca conseguiria sozinha, mas também acredito que muita gente seja capaz de ultrapassar isto sem ajuda de profissionais,

Passos importante:

1º passo: Mentalizarmos a ideia de que a vida sexual é algo normal, que faz parte da vida de cada um de nós,  e não que é algo indigno, sujo, algo que temos de esconder, que não podemos falar.
2º passo: Conhecermos bem o nosso corpo. ( usar um espelho, olhar, tocar, identificar todas as partes do nosso sistema reprodutor, fazer isto frequentemente)
3º passo: Contrair e descontrair os músculos pélvicos.

Depois de estarmos completamente à vontade com estes passos podemos passar para o próximo.

4º passo: Introdução da pontinha do dedo com um bom lubrificante, e contrair (apertar o dedo) e descontrair (largar o dedo).

5º passo: Introdução da metade do dedo e novamente o processo de contracção e descontracção e agora ainda a movimentação do dedo...mexer o dedo para os lados e para baixo, para descontrair os músculos.
6º passo: Introdução completa do dedo, o processo de contracção e descontracção e movimentação do dedo, fazer isto frequentemente vai ajudar muito a ultrapassar esta dificuldade.


TODOS ESTES PASSOS TEM DE SER FEITOS SEM DOR, é normal inicialmente sentirmos desconforto e um certo ardimento, mas dor nunca.

Conseguindo todos estes passos já estão a um pequeno passo de ultrapassar esta dificuldade à qual chamamos de VAGINISMO.

2ª Sessão com a Psicóloga

Nesta sessão o JP não me podia acompanhar, então lá fui eu sozinha, ia novamente com algum receio mas mais confiante.

A fisio já tinha ligado à psico a contar dos meus  progressos, ou seja, comecei logo por receber os parabéns por tudo que já tinha conseguido com a fisio.
E pronto lá voltamos a falar de mim, da minha história, dos meus medos.
Perguntava-me se já sentia algumas mudanças em mim, e sim sentia mesmo, sentia-me uma pessoa com uma mentalidade mais aberta, já nem tinha problemas em falar de tudo isto ao pormenor  tanto com elas como com o JP.  

Em mais uma consulta chegávamos à conclusão que a minha personalidade e o meio envolvente em que fui criada contribuiu bastante para o meu vaginismo.

A falta de comunicação em casa, pois era um assunto "tabu", a vergonha, o querer fazer sempre tudo certo, tudo dentro das regras, o facto de eu achar tudo isso ser pecado, etc... só para terem uma ideia de como isto já vem desde pequena, no meu tempo de escola  tivemos uma aula sobre educação sexual e no fim distribuíram uma capa com toda a informação, imaginem o que fiz com a capa????? a primeira coisa que fiz quando cheguei a casa foi esconder a capa bem escondida para que ninguém visse que eu tinha aquilo comigo, como se fosse uma coisa indigna. 
As sessões com a psico eram muito importantes para nos fazer voltar no passado e tentar perceber tudo o que vivemos e que passamos que contribuiu para o vaginismo e para nos fazer entender que o que a nossa mente acha indigno não são nada mais que coisas normais e naturais da vida.

Falamos também de algo importante, o facto de eu nunca tomar iniciativa com o JP, ou ele me procurava ou então nunca havia qualquer tipo de envolvimento. Perguntava-me se não o procurava para ele não ter uma ideia errada de mim, não me achar atrevida, etc, e sim era verdade, era mesmo isso, ela fez-me entender que nessa hora a ultima coisa que eles pensam é nisso, nessa hora querem alguém que também os procure, que mostre que também o deseja.
Embora ainda espere um pouco que a iniciativa seja dele, tenho muito mais à vontade, se tiver eu que provocar, provoco mesmo...eheh... ;)

E acabou mais uma sessão...

Ausência

Tanta informação ainda por escrever, tanto por contar.
Foram várias as mudanças estes últimos meses, e a falta de tempo tem feito com que deixe o blogue completamente de lado, mas vou sempre fazendo os possíveis para responder aos email privados que me mandam, e é quando recebo um email que vejo que tenho mesmo de continuar este blogue ...vou fazer os possíveis para voltar frequentemente com mais dicas e informações. :) 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Exame Ginecológico

Hoje vou falar-vos da minha primeira tentativa de fazer um exame ginecológico.

Antes ainda de começar o tratamento ao vaginismo, antes mesmo de procurar ajuda, numa consulta normal de rotina o meu médico de família achou que eu devia fazer um Papanicolau visto já ter mais de 25 anos.

Pensei logo que ele devia estar louco, nunca iria fazer esse exame. Mas fui para casa a pensar nisso, a pensar que se calhar lá em frente a outras pessoas e quanto mais não fosse por vergonha de me queixar, não ia ter outra solução a não ser aguentar e deixar meterem-me um espéculo, pensei que se fosse fazer o exame ia ultrapassar uma barreira. E lá fui.

Digo-vos que foi o pior episódio da minha vida, para piorar não fui a um ginecologista, fui a uma clínica onde tem técnicos a fazer esses exames, os quais não entendem nada, nem tem nenhum cuidado, enfim. 

Acreditem quando dizem que quem tem vaginismo e não consegue a penetração também não vai conseguir de maneira nenhuma fazer um papanicolau, é verdade. 

Entrei, tirei a roupa da cinta para baixo, deitei-me na maca e lá estava eu em pânico completamente contraída (o que não pode acontecer, é isso que faz com que exista a dor, temos que estar completamente descontraídas) e lá me tentaram introduzir o espéculo.

Esqueçam qual vergonha qual que, naquele momento nem pensei na vergonha comecei logo a implorar que parasse, que não conseguia, eu estava completamente contraída e a pessoa vendo isso em vez de parar e tentar ajudar-me a relaxar não, tentava na mesma à força toda introduzir o espéculo. Até que foi obrigada a parar, porque eu não parava de me queixar e comecei a fechar as pernas e a "fugir com o rabo" (sintomas de quem tem vaginismo) lá me tentou acalmar e mais uma segunda tentativa cheia de vontade. Esqueçam não houve uma terceira tentativa, antes disso levantei-me da maca e disse para esquecer que não ia fazer o exame e saí pela porta fora com as lágrimas nos olhos, foi muito mau e uma grande vergonha, nunca mais lá voltei. 

Foi mesmo um desastre e ainda fez com que eu ficasse com mais medo de introduzir o que quer que fosse na minha vagina, só piorou a situação.

O meu médico de família nunca soube nem sabe de nada sobre o meu vaginismo, nunca me senti muito à vontade com ele, então nunca lhe falei sobre isso. 
 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Mais sessões de fisioterapia :)

Tinha sessões de fisioterapia mais ou menos de 15 em 15 dias.

Já se vinha a tornar uma rotina, mas confesso que ia para 4ª sessão com mais medo ainda, só pensava que ia ser desta que íamos começar com a introdução do dedo. Muito medo.


4ª Sessão de Fisioterapia

E depois de mais um pouco de conversa lá vamos nós começar, ora bem, hoje vamos fazer tudo que temos feito até aqui mais a introdução da pontinha do dedo.

Voltou o pânico, suspirava de medo, comecei logo a contrair os músculos. É impressionante como o nosso cérebro comanda todo o nosso corpo, mal se falou em introduzir "ele" mandou logo um recado e os músculos lá começaram logo a contrair com toda a força com medo da dor.

A fisio muito paciente e amável lá me foi acalmando e voltando a dizer que só fazíamos o que eu quisesse e que tudo seria feito sem dor, que tinha de esquecer os meus pensamentos de dor e focar no que estava a sentir e ir contraindo e descontraindo.

Pois bem, lá fui tentando esquecer o meu pensamento de dor e ela lá me foi envolvendo na conversa até que...upss...já lá está a pontinha do dedo, é verdade, sem dor, com um pouco de  desconforto, mas sem dor.


Foi muito importante este passo, nunca pensei que fosse mesmo conseguir que algo entrasse na minha vagina. ;)

Os trabalhos de casa eram para continuar, fazer o mesmo que  vinha a fazer, insistindo mais no toque na entrada da vagina.

5ª Sessão de fisioterapia

Nesta sessão voltamos a fazer tudo, continuava com muitos suspiros, mas a verdade é que eram mais progressos, a fisio lá conseguiu inserir mais um bocadinho o dedo. 
Deixou o dedo lá por algum tempo e eu ia apertando (contrair) e largando o dedo (descontrair).
O pior era o movimento de entrada do dedo, aliás o grande problema está nessa entrada, é onde os músculos fazem mais força, o dedo estando lá dentro era muito mais pacifico. ;)
 E acaba mais uma sessão, e os trabalhos de casa para continuar.

 6ª Sessão de fisioterapia 
 
Confesso que cheguei a esta sessão um pouco desanimada, achei que como tinha corrido tão bem a ultima sessão, que eu em casa já iria conseguir mais qualquer coisa para além de tocar.
Mas não, nada...nem conseguia forçar um bocadinho a entrada, o medo era mais forte que eu (por isso é que tenho mesmo a certeza que sem a minha fisio não teria conseguido).

Ela lá me esteve a tentar animar e a explicar que o progresso em casa seria muito mais lento, pois tinha de ser eu a enfrentar os meus medos, lá fazemos o trabalho em conjunto tornando-se muito mais fácil. Ainda ouvi um "raspanete"...eheh... que nem sequer devia ter tentado inserir a ponta do dedo, pois ainda não tinha dado esse trabalho de casa ;) . Que tinha de ter calma e pensar nos progressos que já tinha tido mesmo em casa sozinha, pois eu mal conseguia olhar ao espelho, muito menos tocar na entrada da vagina, e agora isso já não me custava nada.

E depois de todas as lamentações lá começamos os exercícios, e mais progressos, lá está o dedo todo dentro de mim...yupiii
 
A serio, antes de entrar para a consulta era invadida por um sentimento de medo e desanimo, depois de cada consulta vinha mesmo animada, fazia-me mesmo bem, dava-me mesmo força para continuar.

A minha Fisio é mesmo TOP...

Algumas dúvidas...

Eram muitas as dúvidas...

Sinto-me um pouco envergonhada em falar sobre isto,  pois bem, eu tinha ideia que na nossa vagina tínhamos um "buraco" , ou seja, eu achava que tinha que abrir a vagina e ver um vazio, uma abertura...Mas não, isso não é possível, acreditem, não existe mesmo, o problema não é nosso.

A fisio explicou-me tudo direitinho, o problema é que nos livros, nas imagens aparece sempre um "buraco" no lugar da vagina...eheh...como se abríssemos as pernas e lá se abria o "buraco"... não sei se sou capaz de explicar, vou tentar :)

Assim de uma forma muito resumida...abrindo a vagina vemos as suas paredes coladas, é músculo a toda a volta, não vemos nenhum buraco, e esse musculo é que ao descontrair vai deixar a penetração acontecer, é elástico, vai se moldando.

O importante é descontrair, o que para nós que temos vaginismo é muito complicado. Temos aprender a contrair e descontrair, insistir muito nisso.

Algumas pessoas fazem este exercício de contrair e descontrair quando estão a urinar, mas não se deve, podem ganhar uma infecção urinária.

Isto pode parecer um bocado estranho, que foi o que eu achei na altura, mas uma das técnicas da minha fisio era imaginarmos que tínhamos uma ervilha na entrada da vagina e apanhar (contrair) largar (descontrair). Isso era um dos trabalhos de casa obrigatórios, pelo menos 3 vezes ao dia, desde da ultima sessão tinha que me lembrar sempre de contrair e descontrair. O que também vos digo que ao inicio nem conseguem sentir, mas com o tempo sim, vão sentir mesmo o que é contrair e descontrair.


3ª Sessões de Fisioterapia


Em todas as sessões começávamos por falar um pouco dos trabalhos de casa, das dúvidas e nesta sessão também falamos na importância de conseguirmos contrair e descontrair os músculos do  pavimento pélvico (são um grupo de músculos dentro da pélvis que formam o seu pavimento, Os músculos envolvem a uretra (passagem da bexiga), a vagina e o ânus-recto (passagem posterior) e devem, juntamente com os músculos do esfíncter, manter o controlo destas aberturas, impedindo a perda de urina ou fezes). Este exercício é muito importante não só para problemas como o nosso mas também para outros, como quem sofre de incontinência, por exemplo.
E depois de mais uma "aula" teórica lá vamos nós passar à pratica, voltamos à palpação externa, tocar no períneo e em toda a zona à volta da vagina e agora ir contraindo e descontraindo
E lá foi mais uma sessão, ainda sem qualquer tentativa de inserir o que quer que fosse, tudo com muita calma e sem dor.  
E mais trabalhos para casa todos aqueles que já tinha, mas agora acrescentando o contrair e descontrair, que era importante ser feito muitas vezes.